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sábado, 16 de fevereiro de 2008

:: Guerrilha de bodoque ::

O processo de disputa de audiência e leitores na mídia da Capital está muito parecido com o Campeonato Brasileiro. O líder é muito difícil de ser batido, mesmo com a troca de diretoria e treinador no time que está segundo lugar.
A briga é uma intifada.
A RBS é líder consolidada, atacada por adversário sem consistência.
Todos tentam tirar um pedaço dessa liderança, mas sabem que é um adversário duro de ser batido.
Vejamos o conjunto da obra e vamos concluir que desde o velho Mauricio e a sagacidade do seu Jaime a empresa foi administrada por quem fez da Comunicação o seu negócio, enquanto o principal adversário cuidava do mercado do soja .
Assim passaram-se muitos anos e essa liderança veio sendo cimentada estruturada com objetivos muito claros.
Trabalhei na RBS por 12 anos e passei pela transição do segundo lugar para o primeiro e senti isso de perto na mídia rádio.
A virada, a mudança de hábito se deu na Copa do Mundo de 1982 e daí para a frente não parou de crescer.
A concorrência murchou, perdeu o controle, foi negociada em troca de dívidas .Perdeu elã.
Hoje a diferença a ser coberta para brigar pela ponta é tarefa para Hercules, mas não chega a ser impossível. Porém, para encurtar esta distância tem que ser humilde e guerrilheiro, porque é no marketing de guerrilha que balança o poderoso exercito. Os ataques tem que ser contínuos e persistentes. Não pode ser uma vitória aqui e lá adiante outra. Nemé tarefa isolada de um metido a general.É preciso enfraquecer o exercito inimigo batendo e saindo com golpes curtos até que encaixe um direto, mas até lá a luta é de gato e rato, Tom e Jerry.
O Marketing de Guerrilha inclui uma equipe treinada, enxuta , disposta , satisfeita e determinada. Será preciso definir primeiro o que é:
Record, Guaíba, Correio do Povo, tudo isso? E então organizar os ataques que passam por iniciativas que o exercito inimigo não poderá tomar porque para isso precisa de manobras maiores com seus tanques, sua artilharia e infantaria.
O inimigo é lento e ai reside sua fragilidade.
No Rio de Janeiro o Sistema Globo já foi batido nas mídias radio e jornal, pela Tupy e pelo JB e sofre ataques constantes da Record e do SBT que eventualmente diminuem a distância.
O líder tem um exercito convencido que é imbatível.
Nariz empinado e muitos dos seus soldados pensam que o Golias não pode ser abatido.Menosprezam .Eis outra vantagem para a guerrilha. Ataca-los durante á noite, quando dormem.
Porém, até onde o adversário sabe disso?
Até para fazer guerrilha tem que ser organizado.
Fidel derrotou o exercito de Batista e nem tinha armas para todos os homens. Contou com o povo cubano a seu favor.
O líder tem alta rejeição.
Outro flanco aberto. E mais, tem custos altos para movimentar suas tropas, precisa de muito dinheiro.
Mais um flanco fragilizado.
Então, estamos vendo que é possível sim atacar e derrotar o grandalhão.
Outra coisa, nessa guerra, tem outros querendo brigar contra e cada um atacando por um lado e tirando pedaços aqui e ali.
O polvo tem muitos braços que precisam ser cortados um a um.
O Sistema Record-Guaiba-Correio do Povo é o único que pode fazer o serviço completo, mas antes terá que organizar seus guerrilheiros.
Organizar e priorizar as ações com tropas confiáveis prontas para encarar a luta, mas que não estejam vulneráveis ao primeiro convite para trocar de lado.
E por aí passa o enxugamento pagando melhor a tropa para não combater com brancaleones.
Mendelski é uma espécie de Camilo Cienfuegos e já abalou, já mexeu, já perturbou.
E o maior reflexo deu-se no Interior do Estado, onde a velha Casa de Caldas mantém grande prestigio.
Seria do Interior para a Capital a conquista da liderança?
Precisaríamos repetir a tomada da Ponte da Azenha.
O duro é ter que recuperar os anos da Herança Maldita.
Muito tem pra ser feito.
João Garcia
Livre Atirador e Pensador
( escrito em 2006 – publicado hoje)